domingo, 12 de dezembro de 2010

Rio-Oceano


"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." (Fernando Pessoa)


Quem nunca se sentiu na iminência de uma difícil mudança? Tenho pensado se ela não é necessária. Talvez ninguém sinta que ela aconteceu. Pode ser que ela só seja importante prá mim mesma. Mas mudanças acontecem sempre. Na maioria das vezes sem nossa permissão; percepção; vontade própria. Assim se forma o caráter que é o conjunto de todas as alterações promovidas em nós. Sejam elas movidas por uma experiência forte, pela admiração que temos por alguém, pela convivência com os amigos, o exemplo dos próximos ou uma dor muito profunda, elas acabam moldando a maneira como agimos e reagimos aos próximos acontecimentos. E talvez não seja a melhor forma. Como disse Confúcio, “A experiência é uma lanterna dependurada nas costas que apenas ilumina o caminho já percorrido.” Vivemos pensando no que já passou e tentando não cometer os mesmos erros, ou então tentando reviver os bons momentos do passado. Mas o momento é outro, as pessoas são diferentes, o mundo dá voltas e os fatos não se repetem. Ficar se espelhando no passado para saber como agir hoje não seria uma forma de evitar mudar? Ainda nessa margem do rio, de onde não tenho coragem de sair, fico pensando nos motivos para alcançar o outro lado... O que teria lá? Quais seriam os benefícios? E afinal... Como atravessar? Daqui, esse rio parece mais um oceano...

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